Terras do sem fim

O conto começa em um barco, indo da Bahia para Ilhéus, onde diversos personagens conversam e interagem entre si. Tem o capitão João Magalhães, exímio mentiroso e trapaceador, tem O Velho, que perdeu seu filho para o Coronel Horacio em Ilheus quando esse veio tomar da sua familia a rocinha que tinham construído, tem Margot, uma mulher loira e bonita que está indo encontrar seu doutor, tem o Juca, cabra macho e lider de um grupo de jagunços que mata rouba as terras dos outros. Tem ainda Antônio Vítor, que deixou sua cidadezinha de Estância e a sua amada em busca de promessas de dinheiro, mas prometeu voltar quando tivesse algo, mesmo pelo descrédito de sua companheira.

Depois ele fala da mata, da mata selvagem e virgem sem a presença dos homens. Cheia de vida, com onças, macacos, cobras e corujões. E os homens vem explorar e se apavoram com a sua densidade, e dizem ver assombrações, como lobisomem, mula sem cabeça e outros. Mas antes de fugirem aparece Juca Badaró, que não vê assombração na mata selvagem, apenas cacaueiros e seus frutos dourados.

Depois descreve o coronel Horacio, de como era bandido e não respeitava seus trabalhadores, era muito rico e tinha muitas lendas a seu respeito.

Em seguida descreve a vida da sua mulher Ester, uma jovem linda e melancólica que vive sozinha na mansão do Coronel, com seu filho e com medo das cobras e da mata sempre agourenta nas costas da casa.

Juca Badaró fala com seu irmão, o Senhor Badaró, sobre a rocinha de Firmo, que ele não quer vender de jeito nenhum e que vão ter que dar cabo dele, pois aquela roça é muito importante para o domínio dos Badaró, que aquela terra tem a melhor casa para o cacau. O senhor Badaró não queria recorrer a violência a não ser que fosse sua última saída, e indaga Juca se ele não se arrepende, se ele não tem coração. Mesmo assim ele dá a ordem.

E deu a ordem ao mulato sarará Viriato e ao negro Damião, o cabra mais certeiro do sertão. Era o jagunço favorito do senhor badará, e até saiu no jornal da Bahia como a mira mais certeira. Foi eles dois convocados para a Tocaia, cada um de um lado da estrada esperando a vítima passar. Mas Damião ficou aflito com as palavras do senhor, que ele considerava um Deus. Será que ele não tinha coração, não sentia nada ao matar? Assim Damião é atormentado pela ideia, e lembra da mulher de Firmo, Dona Teresa, mulher linda e carismática que sempre lhe dava água ou até pinga quando Damião voltava perto de suas terras. Assim ele fica aflito entre ter que matar e desrespeitar seu patrão.

Horácio e Ester recebem com seu compadre Manecas Dantas o advogado estrangeiro Virgílio, um homem loiro e delicado que flerta com Ester e faz ela voltar para o tempo do colégio de freiras, quando sonhava com Paris, moda e bailes pomposos. No jantar os dois dominaram a conversa e Ester foi levada pelo vinho portugues, enquanto Horacio a olhava orgulhoso e com vaidade para a mulher que tinha. Ester então foi convencida a tocar o piano que há muito deixara enferrujar, mas quando Virgílio insistiu ela tocou sua salsa que envolveu toda a casa e transbordou na mata. No fim, Virgilio parabeniza com palmas e comenta para só ela ouvir: “como um passarinho na boca de uma cobra”, se referindo ao som das rãs sendo mortas, algo que atormentava Ester e que foi contado com escárnio por Horacio, mas recebido com compaixão e compreensão por Virgílio.

Se de um lado da mata Negro Damião aguarda na tocaia, e do lado de outra mata Virgílio conhece Ester, em outra mata aos pés de um rio Antônio Vitor pensa na sua amada em Estância, sobre a sua chegada ali, no trabalho pesado na roça, no seu primeiro homem que ele baixou para proteger Juca Baradó, de como depois ele foi para a cidade e conheceu as mulheres de lá, de como agora ele virou capanga de Juca e de como agora não pensa mais em sua amada nem sua terra natal, apenas no trabalho, no dinheiro, na mata e na mulata Raimunda, afilhada de Don’Ana e provável bastarda dos Baradó.

Maneca Dantas era dono da Fazenda dos Macacos, em Sequeira Grande, no sul da terra entre os Badaró e Horácio. Dois homens batem na porta de Auricídia, mulher de Maneca. Os homens carregam um cadaver numa rede, dizem que vieram lá de Baradó, que estão levando o morto para Ferradas ser enterrado com suas filhas. A mulher não deixa eles descansarem ali, com medo do que matou o homem, “a febre da mata”. Febre tifóide, que naquela época ninguém conhecia e que matava sem chance de cura. Nem o Jeremias, feiticeiro de Sequeira Grande que sabia das ervas tinha remédio pra ela.

Os homens então continuam sua caminhada e param na primeira casa dos trabalhadores que encontram. Lá eles descansam enquanto conversam com um cearense recém chegado. Um deles explica sobre a vida na roça: tu chega sem nada, precisa pegar enchada, pá e facão no armazem da fazenda, fiado. Depois pega comida pra semana, que custa 2/3 do salário. O 1/3 restante vai pra dívida das ferramentas que tu só paga depois de um ano de trabalho. Assim, resume dizendo que a promessa de riqueza é falácia, que só jagunço que sabe matar é que ganha algum dinheiro.

Ester fica imaginando Virgílio enquanto Horácio vem possuí-la, ele acha que ela faz tudo para ele mas ela secretamente está apaixonada por Virgílio. Durante a transa batem na porta do Coronel, Maneca que dormia na rede na sala atende e grita por Horácio. Todos se levantam e encontram Firmo com uma cara apavorada e molhado do chuvisco. Ele diz que os Badaró mandaram matá-lo, e que tem certeza porque viu Negro Damião dando o tiro e saindo correndo como louco quando errou o tiro. Horácio explica para Virgílio, que Firmo tinha uma roça entre os Badaró e a mata de Sequeira Grande, e eles querem ela e acham que tem direito à ela, por estarem em cima na política. Diz que quem tem Sequeira Grande tem tudo, que é a melhor terra pro cacau, e que agora vai juntar todos fazendeiros aliados com roças em Sequeira e vai ter guerra contra os Badaró.

Don’Ana Badaró era filha do Sinhô Badaró e estava preocupada naquela noite. Juca e Sinhô esperavam ela começar a leitura da bíblia, que sinhô pedia pra ela ler todos os dias em páginas aleatórias e que ele as tomava como presságios. Depois da primeira leitura sinhô disse que Sequeira grande seria deles e que agora não tinha dúvidas, mas isso mudou quando Viriato chegou dizendo que Damião errou o tiro, então souberam que teriam guerra, e que precisavam atacar antes que Horácio. Don’Ana se recusou a sair da sala junto das mulheres, Juca protestou mas sinhô deixou ela ficar, porque era Badaró e seus filhos iriam colher o cacau de Sequeira Grande.

Jeremias o feiticeiro era um escravo que fugiu da fazenda e se refugiou na mata com os indios. Aprendeu com eles sua medicina com ervas e era conhecido em toda a região, desde os portos até a cidade. Muitos iam até ele pedir cura e benção. Ele cultuava seus deuses da áfrica e tinha duas cobras mansas de estimação. Viu o homem chegar e derrubar a mata para suas fazendas, e nada o parou, nem mesmo quando Jeremias contou que as árvores eram sagradas e que aquele que as derrubasse seria amaldiçoado. Quando negro damião veio correndo desesperado e contou sua história para o feiticeiro, ele viu que era o fim de Sequeira Grande, e rogou sua praga de vingança para seus deuses e para Exu, dizendo que ali iam regar os campos com sangue, campos escuros da sombra dos abutres, e depois disso caiu morto.

A segunda parte começa com a história das três irmãs filhas do defunto, que chega em casa com a notícia do erro de Damião, e de como isso significa guerra.

Além da história das irmãs, a segunda parte é sobre as cidades, como por exemplo Ferradas, um povoado que cresceu ao redor de um armazém de cacau do coronel horacio, e depois virou rota de caixeiros-viajantes e de todos aqueles que queriam explorar as matas. Mas logo ela ficou para trás por causa de Trabocas, a cidade que Dr. Virgílio ficava com sua amante, Margot, a moça bonita que foi de barco até lá e que Juca Badaró ficou dizendo que ela seria dele. Margot era uma moça da Bahia e conhecia Virgílio do cabaré, era uma beldade espalhafatosa e se juntou a ele depois que o mesmo quis desistir de tudo ai perder o pai. Ele convenceu ela a ir com ele para Ilhéus mas agora vivia reclamando de que fez a coisa errada, que era para ele ter ido para o Rio.

Em Tabocas a fofoca corre solta e as notícias da vinda de Teodoro para lá assustou ao Dr. Jessé, compadre político de Horácio. Teodoro foi coronel com roça em Sequeira que se aliou aos Badaró. Para piorar, agora as más-línguas dizem que Virgilio está de caso com Ester.

O trambiqueiro Capitão João Magalhães se aproxima de Juca Badaró e combina com ele de medir as terras de Sequeira Grande. Depois de levar tudo no poker eles vão dançar e presenciam Margot e Virgilio brigarem e o Doutor partir. Juca fica de olho na moça e João aproveita para fazer os lados entre os dois, pois é amigo dela. Convence ela a ficar com Juca e lucrar com isso aproveitando a oportunidade. Enquanto isso Virgílio vai secretamente ver Ester, na ignorância dos apaixonados ainda não percebeu que toda a cidade sabe que eles estão de caso.

Capitão João vai para a fazenda dos badaró e sobrevive a sua farsa medindo a terra apenas concordando com a opinião dos outros. Pretende fazer o serviço, lucrar e escapulir, mas acaba se apaixonando por Don’Ana. Ele já não sabe o que fazer, porque sabe que vai ter problemas quando descobrirem as mentiras dele.

Na cidade de Ilhéus eles se reunem na festa de São Jorge, quando até Sinhô Badaró e Horácio se unem em harmonia.

As histórias da conquista de sequeiro grande são contadas pelos poetas e músicos e por aqueles que ainda se lembram daqueles tempos. E foram tempos de muita violência e morte, com os dois lados contratando cada vez mais jagunços.

Virgilio agora amante de Ester vai passar a noite no cabaré, pois horacio esta em ilheus. Ele encontra o jornalista manoel com margot e ela o cumprimenta com desejo no olhar. Maneca dantas instiga virgilio a dançar com a antiga amante para movimentar as histórias sobre eles e assim melar a fama de Juca, mas João Magalhães avisa Juca e esse ameaça o doutor. Por conta disso começa a correr o boato de que virgilio amarelou e é um covarde, e agora horacio diz que ele deve mandar matar Juca para recuperar sua honra.

Virgílio manda o cabra matar Juca, mas Antônio Vicente o salva novamente ao por acaso atirar na moita onde o cabra estava de tocaia e descobrir ele ali prestes a dar o tiro. Juca oferece uma roça para ele como recompensa e ele pede para se casar com Raimunda, a mulata que cresceu com a filha do Sinhô. Além dela Don’Ana também foi pedida em casamento pelo capitão João Magalhães. Mesmo com o dinheiro da safra chegando ao fim o casamento de Don’Ana promete ser extravagante, com roupas e sapatos vindos do Rio.

Enquanto isso Horacio pegou a febre da mata depois de passar o dia com Dr. Jessé e com a família de Sílvio Mãozinhas, que tinha caído na roça com a febre. O coronel sobrevive, mas Ester acaba pegando também.

Ester acaba morrendo e Juca Badaró também, mas não de febre, é morto por um tiro quando estava visitando ilhéus. Virgílio também morre, muito depois de Ester, Horacio encontra cartas de amor dela para o doutor. Antes disso tem o julgamento de Horacio e esse é absolvido por unanimidade. O governo faz uma intervenção na cidade e subitamente os badarós perdem seu poder político e assim a corrida por Sequeira Grande.

Don’Ana e Sinhô Badaró sobrevivem, Tabocas vira cidade e muda de nome para Itabuna. Sequeiro Grande tem frutos de cacau mais rápido que qualquer outra região, e assim o livro termina a história dessa região regada a sangue.